Anticoncepção (Métodos contraceptivos / Planejamento Familiar)

A primeira pergunta que deve ser feita quando falamos de contracepção é: “você deseja engravidar? Se sim, em quanto tempo?” Se a resposta for não, ou se o plano for para engravidar for superior a 1 ano, a primeira indicação é para um método contraceptivo reversível de longa ação, que são os DIUs, entre eles o DIU de cobre, cobre com prata, os DIUs liberadores de levonorgestrel (Mirena e Kyleena) e o implante subdérmico liberador de etonogestrel (Implanon). O motivo para esta indicação é simples: todos estes métodos têm eficácia superior a 99%. Devem ser avaliados os benefícios e perfil de efeitos colaterais de cada método, para que a mulher decida seu método de escolha, conforme a sua preferência e comodidade.

Os métodos contraceptivos reversíveis não geram mudanças permanentes em nosso organismo, em nossa fertilidade ou qualquer outro fator. O medicamento faz efeito apenas enquanto está sendo utilizado, por isso após a interrupção do uso, no mês seguinte a ovulação já pode retornar.

A Dra. Julia Barbi Melim Marques, ginecologista, orienta: é sempre importante uma avaliação médica antes de fazer a escolha pelo seu método contraceptivo.

Para uma escolha consciente, é fundamental que você conheça as taxas de falha dos diferentes métodos. Segue abaixo a taxa de falha na prática por cada 100 mulheres em 1 ano de uso, também conhecida como índice de Pearl:

– Coito interrompido, método de Billings, ou outros métodos comportamentais: 25%

– Preservativo masculino: 18%

– Anticoncepcionais combinados orais, adesivo, anel vaginal: 9%

– Anticoncepcionais injetáveis: 6%

– DIU de cobre/ cobre com prata: 0,8%

– DIU liberador de levonorgestrel (Mirena/Kyleena): 0,2%

– Implante subdérmico liberador de etonogestrel (Implanon): 0,05%

– Esterilização feminina (laqueadura tubária): 0,5%

– Vasectomia: 0,15%

Os principais tipos de métodos contraceptivos reversíveis são:

1 . Pílula anticoncepcional, adesivo, anel vaginal e injeção:

Os anticoncepcionais orais são métodos amplamente disponíveis e de fácil acesso, e quando bem indicados e utilizados de forma correta, são boas opções contraceptivas, embora haja diversos métodos com taxas de eficácia maiores.

A Dra. Julia alerta: há 2 tipos de métodos contraceptivos hormonais, é importante fazer esta distinção. Existem os contraceptivos combinados, compostos por derivados do estrogênio mais derivados da progesterona. O segundo tipo são os contraceptivos contendo somente derivados da progesterona. A progesterona isolada é suficiente para bloquear a ovulação e promover efeito contraceptivo, ela praticamente não têm contra-indicações, explica a Dra. Julia Barbi Melim Marques.

O estrogênio combinado tem efeitos bons, como a melhora da acne e a possibilidade de regular o ciclo. No entanto, o uso do estrogênio está associado a um aumento do risco de trombose, principalmente em mulheres com fatores de risco associados.

Quais são estes fatores de risco para trombose? Enxaqueca (principalmente com aura), tabagismo, hipertensão arterial, história prévia de trombose, diabetes de longa data, trombofilias, imobilização prolongada (por exemplo em um pós-operatório), etc. Quando estes fatores de risco estão presentes, não devemos fazer uso do estrogênio. Lembrando que os anticoncepcionais contendo apenas derivados da progesterona podem ser usados nestes casos de contraindicação ao uso do estrogênio.

Para colocar em perspectiva os riscos de tromboembolismo venoso nas mulheres, é importante analisar os números, pois o maior aumento de risco ocorre na  gestação e principalmente no pós-parto, e pouco é falado sobre isso. O risco de uma mulher não grávida, não usuária de contraceptivo combinado, desenvolver uma trombose venosa é de 1 a 5 casos para cada 10.000 mulheres-ano, um risco relativamente baixo, cerca de 0,01% a 0,05%. O risco de uma mulher usando contraceptivo combinado é de 2 a 20 casos em 10.000 mulheres-ano, ou seja, aumenta de 2 a 4 vezes o risco, ficando entre 0,02% a 0,2%. O risco de uma mulher desenvolver trombose nas primeiras 6 semanas após o parto é de 20 a 400 casos em 10.000 mulheres-ano, ou seja, aumenta de 20 a 80 vezes o risco.

Por estes motivos recomenda-se uma avaliação médica criteriosa antes de iniciar o uso de métodos contraceptivos combinados.

2. Dispositivos intrauterinos (DIUs):

São dispositivos que ficam dentro do útero e impedem uma gravidez por 5 a 10 anos. São métodos extremamente seguros de contracepção.

Todos os DIUs podem ser inseridos no consultório, sob anestesia local. Não necessita de ambiente hospitalar na maioria das vezes. A inserção leva apenas alguns minutos para ser realizada. Não é necessário repouso após a inserção.

2.1 Dispositivos intrauterinos (DIU) não hormonal: de cobre e cobre com prata.

O DIU de cobre clássico dura até 10 anos, e o DIU de cobre com prata até 5 anos, dependendo do modelo.

Por serem não hormonais, não interferem com a periodicidade do ciclo menstrual. Os efeitos colaterais possíveis são: aumento do fluxo menstrual e aumento das cólicas.

Qual a forma de funcionamento? Promovem um processo inflamatório intra uterino, o que cria um ambiente hostil que “mata” os espermatozoides.

2.2 Sistema intrauterino (SIU) liberador de Levonorgestrel (Mirena e Kyleena)

Tem a duração em bula de até 5 anos.

O Levonorgestrel é um hormônio derivado da progesterona, que faz o endométrio ficar mais fino, portanto ao longo dos meses após a inserção a mulher passa a ter uma diminuição do fluxo menstrual na maioria dos casos. Após 1 ano da inserção, cerca de 60% das mulheres ficam em amenorreia, ou seja, param de menstruar.

Há a chance de se diminuírem as cólicas menstruais com os DIUS hormonais, inclusive para mulheres com o diagnóstico de endometriose, uma das opções de tratamento é o DIU hormonal.

O Kyleena tem menor dose hormonal e menores dimensões que o Mirena. O Kyleena é hoje o DIU hormonal com a menor dose disponível no país (19,5mg de levonorgestrel).

A ação do levonorgestrel nos DIUs é predominantemente local, com pequena absorção sistêmica da medicação, sendo que a maioria das mulheres mantém ciclos ovulatórios.

Qual a forma de funcionamento? Há o espessamento do muco cervical que impede a passagem dos espermatozoides, além de afinar o endométrio (revestimento interno do útero).

Além da irregularidade menstrual, pode ocorrer aumento da oleosidade da pele e acne.

3. Implante subdérmico ou Implante contraceptivo (Implanon):

O Implanon é o implante anticoncepcional aprovado no Brasil. É um dispositivo que se insere embaixo da pele do braço, de duração de 3 anos.

Ele libera todos os dias um hormônio derivado da progesterona na circulação, o etonogestrel. Promove o bloqueio da ovulação, por isso tem alta eficácia contraceptiva.

Pode ocorrer irregularidade menstrual com o método, além do aumento da oleosidade da pele e acne.

A inserção é fácil, realizada em consultório sob anestesia local.

Todos os métodos contraceptivos de longa ação (incluindo os DIUs e o implante subdérmico) podem ser removidos antes do prazo final, a critério da paciente.

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