A cada 10 gestações, 2 terminarão em aborto espontâneo. Isto acontece por inúmeros fatores, mas a principal causa de aborto no primeiro trimestre são alterações genéticas do concepto, a maioria incompatível com a vida extra-uterina.
Este aborto espontâneo pode se apresentar de diferentes formas, entre elas:
Aborto retido: quando ocorre a parada do desenvolvimento do embrião, mas não há eliminação espontânea do saco gestacional. Pode ser diagnosticado em um ultrassom de rotina. Dependendo da situação, pode-se tentar aguardar cerca de 15 dias para a eliminação espontânea, ou pode-se optar pela curetagem uterina.
Gestação anembrionada: há a parada do desenvolvimento da gestação antes mesmo de se formar o embrião. Neste caso, costuma-se repetir o ultrassom para verificar se não houve o desenvolvimento da gestação. Em alguns casos também necessita de intervenção médica.
Aborto completo: é quando a mulher apresenta sangramento vaginal intenso, que posteriormente cessa ou fica em mínima quantidade. Quando avalia-se por ultrassonografia após o sangramento, não mais se observa saco gestacional ou embrião no interior do útero. É importante ressaltar que este sangramento intenso pode ser perigoso para a mulher, devendo sempre haver uma avaliação médica durante o sangramento, em ambiente hospitalar.
Aborto incompleto: a mulher tem um sangramento que pode ou não ser intenso, mas que não elimina completamente o saco gestacional. Dependendo do quadro clínico, pode ser possível aguardar, mas em alguns casos é necessária intervenção médica. Durante o episódio de sangramento, reforça-se a importância de avaliação em pronto-socorro.
Algumas mulheres, no entanto, sofrem com abortos de repetição, cuja definição mais comum inclui 3 ou mais abortos sucessivos. Nestes casos, é importante realizar uma investigação completa, para tentar identificar a causa das perdas gestacionais. Além das causas genéticas, podemos citar: alterações da tireóide (hipo e hipertireoidismo), diabetes e alterações na glicemia, trombofilias ou doenças da coagulação sanguínea, doenças auto-imunes, insuficiência istmo-cervical, entre outras causas.
No entanto, é importante lembrar: uma perda gestacional anterior não significa que a próxima gestação não poderá evoluir normalmente, reforça a Dra. Julia Barbi Melim Marques, obstetra. É importante procurar um ambiente onde haverá acolhimento e escuta, para que a mulher possa se sentir segura para tentar uma próxima gestação, se assim for do seu desejo.